segunda-feira, julho 14, 2008

A Poeira (ainda o Alive)

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Acho que todos os jornais disseram que o pior do Festival foi a poeira. Desta afirmação podemos tirar diversas conclusões rápidas sobre quem escreveu sobre o Festival na imprensa:

1) A sopinha, na Tenda Vip, não tinha cabelo e os rissóis eram mesmo de camarão;

2) Não urinam nem obram e trazem papel higiénico de casa;

3) Não vão de táxi, de comboio ou os pais levaram-nos lá para salvarem o planeta ou tinham estacionamento no parque VIP;

4) Não têm que ficar em filas para pulseiras e perderem concertos e não têm família que lhes perguntem "que coisa estúpida é essa que andas aí há três dias no pulso? Laranja? És da JSD?";

5) Trabalham a recibos verdes e não dizem muito mal da coisa com esperança de arranjarem um emprego a escreverem umas press-releases para a organização do Festival;

6) Não são dados às linguas ou teriam aprendido pelo menos três novas línguas em cada dia do Festival e ficado com a desvantagem de perceberem como não se escreve sobre o nosso país lá fora, ao contrário do que nós fazemos;

7) Não gostam de animais porque eles são proibidos no Festival e porque só as pessoas é que podem urinar atrás das roulotes;

8) Têm problemas sensoriais porque não repararam que havia vento suficiente para levantar a Torre de Belém como um papagaio;

9) São surdos porque nenhum mencionou a falta de qualidade do som no Palco Metro, perdão, Metro Stage. (Peço desculpa esta mania de falar em estrangeiro.)

10) Não repararam que existiam artistas no palco principal um bocadinho (GRANDE) menos importantes do que no Palco Metro. Xavier Rudd no palco principal?

P.S. Disseram-me que os pregos da tenda VIP estavam uma delícia e que houve grandes radialistas, daqueles que dizem "os Thievery Corporations"e que pensam que Jack Johnson é primo de Robert Johnson, que estiveram na tenda toda a noite e só sairam para verem os Buraka Som Sistema. De facto, faz sentido. Para quê ver Bob Dylan, quando se faz rádio e não se conhece um único disco dele?